terça-feira, 7 de junho de 2011

Contemplação

Atualmente tudo passa rapidamente, a sociedade edita a vida rápido demais e não percebemos os detalhes do que se passa ao redor. A consequência disso é a falta de percepção de coisas sutis, como um cheiro aqui, um brotar ali, um vento em nossa face e coisas do tipo. Não percebemos o milagre da vida que esta por toda parte. A velocidade não nos deixa focar o tempo suficiente para que se imprima em nossa alma uma imagem com detalhes para aguçar nossa percepção, com isso adquirimos valores efêmeros, sem importância alguma, e nos tornamos insensíveis e frios. Esta situação nos trás grande desconforto e mal estar, provocando uma frequente corrida aos psiquiatras, psicólogos, pastores e outros mais. 
Todos estes caminhos nos levam a introspecção como forma de autoconhecimento. Assim nos embrenhamos em um caminho difícil e obscuro na tentativa de acharmos solução para nossos problemas existenciais. Esse caminho nos cegou para o mundo exterior, nos fez perder a arte da contemplação e também a pouca consciência ecológica que temos. Deixamos de ver a grandiosidade e a beleza de nosso mundo, deixamos de perceber que as mudanças naturais que nele ocorre. E que ocorre de maneira às vezes violenta dentro da perspectiva humana, mas que não passa de processo criativo de Deus. De forma que as enchentes que no passado eram uma benção de Deus fertilizando o solo, hoje é sinônimo de tragédia, tristeza e desolação.
Precisou que uma criança com sua simplicidade e singeleza para me fazer perceber isso. A alguns dias atrás recebi um convite para ir ao monte orar à noite. A criança se chama Beatriz  como na obra de Dante  (e não podia ser de outra forma) ou simplesmente Bia para os que a amam, disse ela ao seu avô, o meu amado pastor e amigo Silvio, que gostaria de voltar ao monte, mas durante o dia, pois a noite não estava vendo nada. De repente me dei conta que o propósito maior de estar no monte não é viajar ao nosso interior, pelo contrário, a viagem é de dentro para fora, de forma que assim se possa contemplar o Poder, a Glória e a Majestade de Deus, que até as estrelas testificam também nesse momento, mas é com o luz do sol é que percebemos tudo isso ao alcance do nosso ser, bastando usar com toda plenitude os nossos sentidos.
Percebi que na escuridão e no isolamento escondemos nossa vergonha e nos mergulhamos de rumo ao nosso interior, às vezes confuso e machucado. Com a simples ilusão de estar mais perto de Deus em lugares altos, nos esquecendo que Ele está dentro de nós, então percebi que o propósito de estar em lugares altos era outro, a contemplação.
Jesus já nos havia ensinado que nos recolhêssemos em secreto em nosso quarto para orar que o Pai nos recompensaria. Não estou querendo dizer que é infrutífero orar no monte, pois o próprio Jesus em algumas vezes recorria ao monte durante a noite para orar, mas às vezes agrada mais ao Pai contemplar sua obra com espírito de gratidão e reconhecimento de Ele é DEUS.
Voltei ao monte durante o dia, e ao olhar para o horizonte nuvens de chuvas se formavam e o vento trazia um cheiro suave de terra molhada, e de outro lado o sol ainda resplandecia, então não pude deixar de perceber a grandeza e a majestade de Deus e o milagre da vida acontecendo, e com esse espírito de perplexidade me lembrei do salmo 29.
Li e chorei... Dei glória a Deus e orei por PAZ aos homens...
Obrigado Bia!!!

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